Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no estado do Rio de Janeiro, que atuam em emergências ambientais, estiveram na Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapi-Mirim, Unidade de Conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), nesta terça-feira (7), para vistoriarem, junto a outras instituições públicas e à comunidade local, a contaminação causada pelo composto químico tolueno no rio Guapiaçu, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O incidente com o produto – que é adicionado a combustíveis e solventes – ocasionou a interrupção no abastecimento de água, em abril, nos municípios fluminenses de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, e na Ilha de Paquetá, na capital do estado. A qualidade da água do rio foi afetada, apresentando pH, coloração e níveis de oxigênio muito diferentes do padrão estabelecido pela legislação ambiental. A concentração do composto detectada atingiu quase o dobro do limite permitido em água potável.
A medida até então adotada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), para tratar a água contaminada, consiste no uso de carvão ativado no Sistema do Imunana-Laranjal, em Guapimirim. O local escolhido contém um canal desarenador, que possui fluxo de água do Rio Guapi/Macacu, onde ocorre a captação de água bruta.
A região em que houve a contaminação do rio Guapiaçu compreende o território do Parque Natural Municipal Águas de Guapimirim. Com mais de 2 mil hectares, a área deveria ter sido recuperada e reflorestada, como atendimento da condicionante ambiental do licenciamento do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Contudo, a condicionante não foi cumprida, e as áreas privadas em seu interior não foram desapropriadas, mantendo intensa atividade de pecuária extensiva em um contexto de pastagem, o que também interfere na qualidade da água que é captada para o abastecimento público.
Além do Ibama, a vistoria ocorreu com a presença de representantes do ICMBio, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e do Conselho Regional de Química – 3ª Região (CRQ). A comunidade local foi representada pela Associação de Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR) e outras associações de pescadores e proprietários de terra, participou, também, representante da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).